
Licenciada em Serviço Social e Mestre em Desenvolvimento Social, Maria João Ribeiro tem 27 anos e foi eleita, no passado dia 26 de setembro, presidente da União de Freguesias de Cernache do Bonjardim, Nesperal e Palhais, nas listas do Partido Socialista. Refira-se que nunca, até agora, o PS havia conquistado esta autarquia.
Na primeira entrevista pública a um órgão de comunicação social, à Rádio Condestável (RC), a presidente fala um pouco de si, da sua vida passada e do que dela pode transportar para esta governação. Quatro anos que anseia serem marcados pelo desenvolvimento a diversos níveis, aproveitando as potencialidades turísticas e religiosas desta união de freguesias. Maria João Ribeiro quer que as pessoas se envolvam com, e neste projeto. A autarca pretende começar, no início de 2022, a “fazer e a desenvolver” as ideias que tem para este território.
Transcrevemos um pequeno excerto da entrevista que deu à Rádio Condestável, a qual pode ser escutada na íntegra, amanhã, dia 11 de novembro, no programa Bom Dia Região, depois das 10:00, na RC. Esta mesma entrevista ficará depois disponível, na íntegra, em Podcast.
Rádio Condestável (RC): Quem é a Maria João Ribeiro?
Maria João Ribeiro (MJR): A Maria João é uma filha da terra. Nasci aqui e sempre vivi com a minha família no Ramal da Quintã. Sou uma pessoa que, desde pequena, sempre gostou de estar envolvida em diversas atividades. Sou uma pessoa próxima que gosta de estar, falar, relacionar e escutar as pessoas. Não gosto do comodismo.
RC: No tempo do colégio esse relacionamento passou por ter um papel interventivo?
MJR: Na altura em que estudei no Instituto Vaz Serra (IVS) fiz parte da Associação de Estudantes, da Comissão de festas dos Finalistas, do Grupo de Teatro e desde a minha juventude (na Vila) estive envolvida no Grupo de Jovens.
RC: Antes de chegar à vida política, passou por onde?
MJR: Estudei Serviço Social em Lisboa, fiz um estágio na área, no Brasil e voluntariado europeu na Roménia ao abrigo do Erasmus. Fiz mestrado no Brasil na área da investigação e das ciências sociais. Voltei e estive a trabalhar para o Instituto Nacional de Estatística no projeto do recenseamento agrícola e mais recentemente comecei a trabalhar numa Organização Não Governamental, em Lisboa, onde era assistente social em equipas técnicas de rua onde trabalhava, inicialmente, com pessoas consumidoras de substâncias e depois com pessoas em situação de sem abrigo.
RC: Como foi o convite para ser candidata à UFCBNP?
MJR: O professor Carlos Miranda disse que iria ser candidato à câmara e que gostaria muito de constituir uma equipa jovem e que estivesse relacionada com o projeto que tinha para o concelho, ou seja, um projeto jovem, de desenvolvimento e a pensar no futuro e que gostaria de ter essa representação nas freguesias.
RC: Durante a campanha, e com o aproximar do dia das eleições, alguma vez sentiu que podia ganhar estas eleições?
MJR: Inicialmente percebi que ia ser uma missão ainda mais difícil do que eu pensava, a nível de aceitação e de quebrar rotinas. Muitas pessoas não acreditaram por estar a fazer frente a um poder instalado há muitos anos na UFCBNP e por eu ser jovem. Mas depois, com o passar do tempo, comecei a perceber que ia ser melhor do que tínhamos pensado.
RC: Os resultados foram expressivos, acreditou logo neles?
MJR: Sim. Nós candidatámo-nos a estas eleições porque também estávamos descontentes com a situação atual da freguesia, que está claramente abandonada a nível do cuidado do espaço público e de dinamização cultural e desportiva. Sentíamos que a nível de concelho era preciso nova vida e novos olhares e que as pessoas também sentiam o mesmo.
RC: O que é que pensou fazer logo no imediato, assim que tomasse posse?
MJR: Queria conhecer as pessoas (funcionários) e perceber a dinâmica diária, que respostas dar diariamente e os procedimentos que necessitam de ser tomados e que é algo que ainda está a acontecer.
RC: Como foi a transição de poder?
MJR: Foi pacífica. Mas quando tomámos posse percebemos que havia mais para perceber, quer a nível de gestão de projetos, pessoal e financeiro.
RC: Como já foi noticiado percebeu-se que a situação financeira não é das melhores. Veio complicar os vossos sonhos?
MJR: Sim. Encontrámos uma realidade financeira séria e problemática. Não podemos tirar o escuro que aí está. Temos um valor grande a pagar até final de 2021 e não temos esse montante. Criou muita pressão e estabeleceu-nos outras prioridades.
RC: Governar esta junta vai ser um desafio aliciante.
MJR: Já está a ser. As nossas freguesias têm muitas problemáticas e carências e precisamos de alertar para elas e para lhes fazer face. Para estarmos mais próximos.
RC: O que trouxe das realidades por onde passou e que pode ser aplicado aqui?
MJR: Essencialmente do Brasil. O envolvimento da população na vida pública. A luta pelos direitos é diária e foi isso que me incentivou a estudar ciências sociais lá, e que também trouxe para cá, pois é algo que podemos estimular e promover, ou seja, o envolvimento na vida pública.
RC: Como é que acha que os jovens podem ser chamados a participar, à semelhança do que viu no Brasil?
MJR: Temos uma ideia que gostávamos de desenvolver que era a constituição de grupos/comissões de quatro ou cinco pessoas, jovens ou não, focados em temas específicos, por exemplo, criar uma comissão do turismo de natureza que desenvolvesse projetos e ideias como percursos pedestres. Estes projetos podem ser desenvolvidos pela população, pelos fregueses que têm interesse. É dar carta-branca para que as pessoas se sintam parte desta equipa.
RC: O que é que as pessoas agora lhe vão dizendo?
MJR: Dão-me coragem e força, tenho sido bem acolhida.
RC: Está na política há pouco tempo mas já pensou no que será o seu futuro a nível político?
MJR: Efetivamente é muito cedo. Às vezes fala-se em fazer carreira na política mas eu não gosto muito da palavra nem do sentido. Sinto que posso estar a construir bases para poder exercer ou estar neste tipo de funções mais tempo, mas o que pretendo, e o que me fez estar aqui, é fazer pela nossa união de freguesias, não pensando em construir uma carreira ou sentir que o lugar de poder me dá um estatuto diferente/superior. O que quero é fazer.