MAÇÃO/100 dias: Último mandato consolida projetos no terreno

A floresta, o desenvolvimento do turismo à boleia do investimento privado, um setor económico que se adivinha, vai ganhar escala, e um concelho que quer todos a trabalhar com e para todos são alguns dos temas abordados nesta entrevista ao presidente da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela.

MAÇÃO/100 dias: Último mandato consolida projetos no terreno

Em Mação onde há vários projetos que, nos próximos quatro anos de mandato, Vasco Estrela reeleito presidente da Câmara Municipal de Mação, serão consolidados no terreno, começando logo pelas Áreas Integradas de Gestão da Paisagem. Mação quer continuar a ser exemplo e a autarquia gostava de ver todos a trabalhar no mesmo sentido. Nesta entrevista Vasco Estrela fala ainda da aposta no turismo e nas ações a levar a efeito nas diversas freguesias do concelho. A atividade empresarial e a criação de condições para a fixação de mais empresas é outro dos desígnios deste executivo municipal que pretende ainda atualizar o livro das memórias e deixar para o futuro a solidez de um passado bem construído.

Transcrevemos de seguida um pequeno excerto de uma entrevista mais longa que está disponível em Podcast. Para escutar clique AQUI.

Rádio Condestável (RC): Presidente Vasco Estrela, Mação sempre teve como bandeira uma floresta que agora poderá ter um novo caminho a percorrer com as AIGPs. Como se posicionará o concelho nesta matéria?
Vasco Estrela (VE): A floresta, e neste caso concreto das Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP), foi algo que falámos muito durante a campanha. A floresta sempre foi um desígnio que esta autarquia teve no sentido de tentar resolver este problema estrutural na floresta e que nos conduziu, e conduzirá se nada for feito, a tragédias como as de 2003, 2005, 2017, 2019. Esta recorrência de incêndios, e como o vice-presidente António Louro tem dito, só se resolverá com uma alteração profunda da paisagem e é isto que as AIGPs preconizam. É esse o caminho que já começou a ser feito. Primeiro com a definição das nove áreas do nosso concelho que abrangem todas as freguesias e que, pensamos nós, conduzirão a que possamos ter um território sustentável em termos ambientais, económicos, paisagísticos e florestais, evitando também os incêndios de grande dimensão naquelas áreas.
Agora há mecanismos e instrumentos para levar em diante esta enorme tarefa. Agora temos que ser nós a ter a competência necessária e suficiente para concretizarmos o que tanto ambicionámos.

RC: Existem agora esses mecanismos, mas tem que ser feito algum trabalho junto dos particulares, explicando-lhes o que acontecerá!
VE: Sim. Esta é uma tarefa de todos. Provavelmente as pessoas não reparam muito mas nas três candidaturas que apresentei sempre defendi a união das pessoas e o trabalhar com todos e termos a noção de que, ou todos em conjunto conseguíamos estar de acordo e trabalharmos ou dificilmente conseguiríamos alcançar alguns objetivos importantes e este é um desses momentos decisivos. Por muita vontade que a autarquia tenha, se não houver uma conjugação de esforços no sentido de as pessoas também terem a clara convicção de que este é o caminho ou não conseguiremos fazer nada. Em 2005/06 tentou-se fazer este caminho com as Zonas de Intervenção Florestal e houve uma adesão significativa que terá agora que ser reforçada para que, em 50% do concelho, possa ser feito algo com impacto. Teremos que ir junto das pessoas fazendo-as compreender que esta será a solução.

RC: Como acha que vão reagir?
VE: Haverá resistências porque as pessoas têm um grande apego à terra e ao que é seu mas têm que perceber que tem que ser desenhado um novo paradigma. Seria uma grande desilusão se as pessoas no nosso concelho, depois de tudo o que lhes aconteceu, não percebessem que este caminho que temos seguido ao longo de décadas não é solução. Tenho a convicção de que, na esmagadora maioria vão perceber, e que outras não perceberão e criarão resistências.
Por exemplo estamos a fazer um trabalho de defesa da floresta, a cumprir a legislação e a fazer as faixas de gestão de combustível e está a ter uma resistência grande em vários pontos do concelho onde as pessoas, por apego ao que é seu, entendem que há alguma ingerência da parte do município relativamente ao que tem que ser feito. É normal que haja resistência.

RC: Como será feita a gestão das AIGPs. Um proprietário que tenha algum trabalho feito, vai perdê-lo?
VE: Cada uma dessas áreas terá um plano de gestão que pode ser com base no que já existe. Isso é o que achamos que devia ser, mas pode acontecer o contrário e nessa propriedade plantada seja projetada uma charca para defender o que é dos outros. Se estamos a falar de uma área de quatro mil hectares, não podemos ter em todas as propriedades pinheiros ou eucaliptos porque a ideia é acabar com o contínuo florestal seja ele de que espécie for e tem que haver compartimentação. As pessoas têm que perceber que aquilo que é seu continua a ser seu. Está a servir o objetivo comum e no dia em que haja repartição de lucros eles receberão na respetiva proporção do que a sua propriedade contribui para o bem comum.

RC: E se o proprietário tem uma área com 10 hectares de eucalipto a um ano do corte. A verba daí decorrente é para quem?
VE: Isso é algo que terá que ser devidamente acautelado. Haverá vários patamares de análise. Uma coisa é um proprietário que está a um ano do corte e terá que ter uma compensação porque fez investimento. A outra será eucaliptos ou pinheiros com pouco tempo de existência. Cada caso é um caso e a própria regulamentação da área terá que salvaguardar todas as situações até para não prejudicar os direitos adquiridos das pessoas. É todo este instrumento legal que terá que ser elaborado para quando formos ter com as pessoas darmos respostas concretas às pessoas. Não fará sentido termos uma área consolidada e, de repente, é toda dizimada e não recebemos nada.

RC: Atualmente quer-se muito o desenvolvimento pelo lado empresarial. Em Mação onde se está a apostar atualmente?
VE: Fizemos o Centro de Negócios que está com a capacidade esgotada. Temos um bom resultado e uma das empresas que lá estava já adquiriu um lote na Zona Industrial e já tem instalações próprias e outra lhe seguirá os passos. Era isto que pretendíamos que acontecesse, que as empresas ganhassem asas e terem melhores condições noutros locais. Quanto à Zona Industrial de Mação estamos num processo de aquisição de terrenos para iniciarmos a sua expansão o que está dependente da aprovação do PDM para podermos começar a expansão.

RC: Porque têm interessados ou porque pretendem apenas expandir?
VE: Porque temos interessados e neste momento a zona está ocupada a 100% e há essa necessidade. A Zona Industrial da Ortiga deixou de existir porque foi toda adquirida por uma das empresas que está a investir no concelho na área da Cannabis e também já adquiriram mais terrenos junto à ZI de Ortiga. Quanto a Cardigos vendemos recentemente mais um lote para um empresário local. Há uma ou duas hipóteses de empresários com interesse para aquele local. Para além disso continuamos a ter interesse na área da cannabis e será cedido mais um terreno junto à ZI de Mação e uma nova fábrica na área dos presuntos. Sinto algum dinamismo e as coisas estão a correr relativamente bem. Veremos o que o PRR poderá ajudar de acordo com algumas intenções que, aqui e ali, nos vão chegando de investimentos que possam vir a surgir no concelho.

RC: Hoje em dia fala-se muito em teletrabalho e espaços de coworking. Existe algum projeto do género para o concelho?
VE: Sim. Fomos dos primeiros 50 concelhos do país a assinar contrato com o Estado no ano passado e temos no Centro de Formação em Mação um espaço apropriado para o efeito. Acabámos de investir cerca de 14/15 mil euros no espaço para termos disponíveis 60 pontos de utilização. Havendo a possibilidade e necessidade, estamos a pensar fazer algum trabalho nessa área nas freguesias, disponibilizando equipamento para o efeito. O caso mais evidente será, no futuro, a Casa do Cidadão em Cardigos, onde haverá espaço para três ou quatro utilizadores, se sentirmos que há essa apetência, bem como noutros espaços noutras localidades.

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