
Estes tempos de pandemia têm acarretado dificuldades a vários níveis e são muitas as famílias que, por circunstâncias diversas, têm passado dificuldades. O concelho da Sertã não é exceção e a Paróquia “tem acompanhado quem recorre aos nossos serviços nesta ação caritativa”, confirma o Padre Daniel Almeida, da paróquia da Sertã ao programa da Rádio Condestável “Todos juntos no combate à pandemia”. Se no anterior confinamento não houve nenhum pedido extraordinário, neste a situação é diferente e “nestes últimos 15 dias já ajudámos duas famílias a suprir a necessidade de terem pão sobre a mesa. Os tostões estão contados e em caso de confinamento falta o rendimento”, explica o padre, ciente de que poderá haver mais casos de necessidade mas só não serão conhecidos porque ainda há pessoas com vergonha de estender a mão e pedir ajuda. “Ninguém gosta de passar por dificuldade. Sinto que as famílias foram gastando as suas economias e este ano de 2021 será mais difícil”, acredita o pároco pois “por vezes são vários os elementos da família a terem que ficar em casa e não há suporte para aguentar muito tempo”.
Muitos pedidos de ajuda chegam à paróquia passando pelos serviços de ação social da câmara, pela segurança social, cáritas paroquial ou Conferência de S. Vicente Paulo. “Nunca suspendemos a nossa ajuda mas neste 2021 senti que há quem não tenha o que colocar sobre a mesa”, reforça. Há portanto que estar cada vez mais atento a estas situações, reconhece.
Pandemia altera conceito de vivência individual da fé cristã
Desde o início da atual pandemia de Covid-19 que a atuação da religião católica foi tida como exemplar. A Conferencia Episcopal Portuguesa depressa se adaptou e emanou diretrizes para todas as dioceses e consequentemente paróquias do país. Na Sertã respeitaram-se as normas e apesar da suspensão das celebrações comunitárias, “não deixámos de viver e de celebrar a nossa fé”, diz o Padre Daniel Almeida. As casas dos fiéis devem passar a funcionar como “uma igreja doméstica, que reze unida e que peça a Deus para ajudar a vencer esta pandemia, mesmo que o esforço a fazer dependa de cada um de nós”, refere o pároco.
A pandemia alterou também a forma de viver a fé. A nível de comunidade religiosa, e de quem vivia a sua fé regular e diariamente, esta é uma situação difícil, pois “faz parte do nosso dia-a-dia”, acredita o Padre Daniel. Contudo as ofertas disponíveis são muitas e “só temos que procurar a que é digna para viver a nossa fé”, aconselha, lembrando que a rádio e a televisão, durante o dia, “transmitem vários momentos de oração e de celebração da eucaristia e temos que nos saber adaptar até que seja possível voltarmo-nos a reunir e a celebrar comunitariamente os sacramentos”, nota. Nesta procura por novos meios de vivência da fé, são mais os idosos que optam pelos referidos meios para acalentar o espírito com a palavra de Deus.
Diferentes e difíceis, estes tempos encerram a necessidade de estar presente, nem que seja através de uma mensagem ou de um telefonema. É importante também que “as famílias saibam que estamos deste lado a rezar por elas”. Apesar de não haver proximidade, num ato de preservar a saúde pública, os sacerdotes cá continuam no terreno a olhar pelas suas comunidades e paróquias e a nossa missão é rezar pelo povo de Deus que nos está confiado.
O tempo é igualmente de esperança e de confiar que a situação presente há-de ficar melhor, sustenta, deixando a mensagem de que é importante “ter cuidado e atenção ao próximo, ficar em casa para a salvaguarda de todos. Há que viver estes momentos com fé e esperança”.
Relembre-se que a Conferência Episcopal Portuguesa determinou a suspensão da celebração pública da Eucaristia desde o passado dia 23 de janeiro, bem como a suspensão de catequeses e outras atividades pastorais que impliquem contacto.
Em nota partilhada Conferência Episcopal Portuguesa considera que "é um imperativo moral para todos os cidadãos, e particularmente para os cristãos, ter o máximo de precauções sanitárias para evitar contágios, contribuindo para ultrapassar esta situação".