
Joaquim Filipe Patrício é o presidente da direção do Centro Social S. Nuno de Santa Maria, de Cernache do Bonjardim. Trata-se de uma instituição com seis valências, entre elas o lar da Casa da Poesia onde, em janeiro último, se registou um surto de Covid-19 entre utentes e funcionários. A situação já está ultrapassada mas foi um momento complicado, onde nem alguns elementos dos corpos sociais escaparam à infeção.
Joaquim Filipe Patrício foi um deles e se antes não entendia nada sobre este vírus, mesmo tendo passado pela experiência da infeção, e sabendo da experiência de gente próxima, continua a não entender. Como diz ao programa da Rádio Condestável, “Todos juntos no combate à pandemia”, “se os médicos percebem muito pouco acerca do vírus, nós não percebemos nada”. Relatando a sua experiência pessoal e lembrado o que se passou com familiares seus sustenta que “o vírus tem uma forma de atuar incompreensível pois quem está ao lado, por vezes não é infetado e quem está distante é infetado”.
No seu caso, começa por exemplificar, "ao fim de 12 dias com febre, vieram as fortes dores de cabeça", mas nunca perdeu o paladar nem o olfato. Seguiram-se as melhoras graduais. Já o irmão, com 63 anos e cerca de 100 quilos, teve 20 dias muito complicados e perdeu 10 quilos. Por outro lado o seu pai com 89 anos, com problemas pulmonares, “passou pelos pingos da chuva”, ou seja, “não teve qualquer sintoma”. Posto isto, Joaquim Filipe Patrício reitera que é um vírus "incompreensível na sua forma de atuar".
São alguns os relatos de pessoas que se sentem culpadas por terem contagiado outros. A este propósito, Joaquim Filipe Patrício considera que “as pessoas não se devem preocupar com isso” pois “ficar com sentimentos de culpa não ajuda em nada”, já que “a velocidade de propagação e o contágio são enormes”. Como forma de precaução, diz, “assim que começou o surto (na Casa da Poesia), cortei as relações que tinha com os meus pais e passados 15 dias eles ficaram infetados”. Não sabe como. "Poderia ter sido eu", diz, mas, acrescenta, "nunca ficaria com problemas de consciência pois uma coisa que prezo muito são os meus pais”, explica, vincando que o melhor é mesmo as pessoas terem todos os cuidados, precaverem-se e protegerem-se pois “nunca sabemos que reação o vírus pode ter em casa um de nós”, aconselha. Reforça igualmente que as pessoas devem seguir os conselhos da Direção Geral de Saúde e da Organização Mundial de Saúde. “Vivemos em sociedade e os nossos gestos e comportamentos, quando não são pensados podem ter repercussões nos outros”, alerta.
Joaquim Filipe Patrício ainda sente algum cansaço pois “há sempre uma réstia que fica”, no entanto, e relativamente a sequelas futuras diz não pesar muito nisso. Pensa sim em continuar a dar de si pela sociedade e pelos seus. Se acaso ficar com sequelas, “terei que ter a capacidade de para aceitar o que a vida me deu e ultrapassar da melhor forma possível”, afirma ainda em jeito de conselho.
De acrescentar que o "Todos juntos no combate à pandemia" conta com o apoio do Município da Sertã.