
O processo começou a desenrolar-se em 2016 com a junta de Freguesia de Várzea dos Cavaleiros a tomar conhecimento da abertura de candidaturas para a melhoria da eficiência de regadios existentes, um programa criado para financiar a recuperação e modernização de regadios coletivos tradicionais. O trabalho começou do zero e sempre acompanhado pela junta de freguesia. Foram constituídas as juntas de agricultores e a luta foi “muito grande”, recordou aos microfones da Rádio Condestável a presidenta da junta, Gracinda Marçal, descrevendo ainda o muito trabalho que foi feito e que levou o projeto “a bom porto”, o qual poderá ter muitos aproveitamentos. No entanto, Gracinda Marçal gostaria que ele tivesse uma forte componente agrícola, nomeadamente a biológica “que é muito importante nas nossas vidas e para as gerações vindouras”, disse, dando o exemplo da Pinhal Maior que tem um projeto nesta área. Após a conclusão dos trabalhos neste regadio, “vamos tornar as terras mais rentáveis com o sistema de rega por alagamento, as pessoas vão interessar-se mais pelas culturas e vão criar uma defesa em relação aos incêndios”, explicou a autarca.
A agricultura ainda faz parte da vida das pessoas da freguesia e há interessados em voltar à terra, tornando-a assim rentável. Para a edil, trata-se de uma atitude primeiro, de “respeito por aquilo que os antepassados deixaram” e depois “a tentativa de valorizar o nosso espaço rural”.
Dentro de semanas a água vai chegar às terras para serem cultivadas. O trabalho fica feito mas não concluído, uma vez que “a junta pretende desenvolver outros projetos a partir deste” e com os açudes reparados, as levadas limpas e as margens acessíveis, é possível pensar noutros projetos para dinamizar aqueles espaços, nomeadamente a “criação de zonas de lazer e trazer as pessoas para as zonas rurais para conhecerem o que é o rural e a nossa zona”, disse. A autarca sublinhou ainda que “este regadio irá proporcionar a criação de outros projetos em zonas rurais, nomeadamente a criação dessas zonas de lazer, como é o caso da zona de lazer do Boiçô, que estamos a desenvolver”.
Ao todo estes dois projetos vão poder abastecer de água 20 hectares de terra. António Antunes é um dos agricultores que vai beneficiar desta obra. À Condestável recordou tempos antigos em que era o milho que preenchia aquelas terras. Com o falecimento dos mais antigos, “alguns dos herdeiros querem cultivar e vai ser bom. Há aí muita gente nova que pode agarrar-se a isto”, notou, garantindo que “é rentável”.
Refira-se que as duas obras representam um investimento total de €205.286,73 (duzentos e cinco mil, duzentos e oitenta e seis euros e setenta e três cêntimos), sendo que, o regadio da Várzea contempla um investimento no valor de €107.899,18, e o da Maljoga e Moinho Branco contempla um investimento de €97.387,55.
A obra teve início em setembro último e estima-se que esteja concluída em 2021, podendo o novo regadio, ou parte dele, estar operacional já no próximo verão.