
Esta poderá ser a última sessão da Assembleia Municipal com esta composição e a última destes 12 anos de governação PSD.
Na Bancada do PS procurámos sempre valorizar o diálogo e a troca de pontos de vista, no respeito pelas ideias divergentes, mas marcando sempre de uma forma convicta e justificada as nossas posições.
Fomos firmes, mas não sectários, por isso, votámos muitas vezes ao lado do Executivo Municipal propostas, protocolos, vários regulamentos e alguns projetos da responsabilidade da maioria, mereceram também a nossa concordância.
Fizemo-lo sem qualquer reserva e porque entendemos que os interesses do concelho e dos sertaginenses estavam plenamente defendidos.
Discordámos, no entanto, de muitas outras soluções propostas pelo Executivo PSD e pela maioria PSD na Assembleia Municipal e, por isso, em algumas situações votámos contra, sempre em consciência e na defesa dos interesses dos nossos concidadãos e do progresso do nosso concelho.
Também, em muitas outras ocasiões, não estivemos ao lado do Executivo, e por isso, trouxemos aqui ao debate e à discussão, muitos problemas que de outra forma não teriam sido apresentados.
Com o final deste ciclo, o Senhor presidente José Farinha Nunes será o único presidente de câmara na Sertã que fez três mandatos completos. Teve, portanto, todas as condições para governar com estabilidade, para cumprir todas as promessas eleitorais, para aprovar tudo o que entendesse porque dispôs sempre de uma maioria confortável e submissa quer no executivo, quer na assembleia.
Hoje será, portanto, natural, oportuno e pertinente, fazer um balanço e uma retrospetiva desse ciclo de 12 anos de governação PSD.
E começo por recordar a data de 11 de setembro de 2009, quando nesta assembleia, se fazia o balanço dos últimos anos de governação socialista, e foram apenas oito, e na descrição dos acontecimentos, o jornal “A Comarca da Sertã” destacava o seguinte título: “deputados somam críticas e aplausos”.
Logicamente críticas da bancada do PSD e aplausos da bancada do PS.
E nessa última assembleia que ponha fim a um ciclo de oito anos de governação do Partido Socialista, da bancada do PSD, o líder da Junta de Freguesia de Cernache do Bonjardim reportou-se à EN 238, tendo dito: “nada foi feito e Cernache está cada vez mais isolada”.
Também do PSD, o deputado António Simões retomou o caso da EN238. Desabafou dizendo: “começa a ser difícil acreditar na concretização da requalificação daquela via”.
Já com o PSD no executivo em 2010 e num Governo nacional do Partido Socialista, o Senhor Presidente da Câmara José Farinha Nunes, tem o privilégio de participar na assinatura do protocolo de requalificação da EN238.
Em 2012 o PSD torna-se governo de Portugal e, uma das suas primeiras medidas, foi exatamente a suspensão da requalificação da ER/EN 238, retirando-a da concessão do Pinhal Interior.
Hoje o PSD Sertã parece-nos conformado com o estado da EN238 e, pasme-se, mais preocupado com a passagem utópica de uma via férrea na região.
Ainda nessa assembleia de 11 de setembro de 2009, João Carlos Almeida, líder da bancada do PSD veio lamentar-se proferindo: vamos terminar o mandato sem que a revisão do Plano Diretor Municipal tenha sido iniciada.
Passaram 12 anos de governação PSD e a Revisão do PDM continua adiada e, curiosamente com a concordância do senhor deputado e do senhor presidente da câmara. Na altura era importante e imprescindível. Em 12 anos de governação PSD deixou de o ser.
Prometeu o senhor presidente, e passo a citar "todos terão voz, poderão falar e todos serão ouvidos. Conto com todos e todos são poucos para alcançar os desígnios que todos almejam para a sua terra.
Afinal todos terão voz - menos os Vereadores da oposição. Ainda muito recentemente não permitiu que o Vereador do PS Carlos Miranda, tivesse voz, se defendesse de ataques pessoais em plena Assembleia Municipal.
Relembro aqui as muitas propostas apresentadas pelos vereadores do Partido Socialista nas reuniões do executivo, que o Senhor Presidente pura e simplesmente ignorou.
Neste período conturbado pela pandemia, o vereador do Partido Socialista Carlos Miranda apresentou três propostas que só por orgulho e falta de humildade o senhor presidente ignorou: “criação de um Centro de Apoio às micro, pequenas e médias empresas e trabalhadores independentes”, “Apoio ao setor primário e aos produtos endógenos” e “a criação de um espaço de coworking em Cernache do Bonjardim” uma vez que o governo está a apoiar a criação destes espaços no Interior do país, sendo 23 na região centro. Infelizmente a Sertã uma vez mais ficou de fora e é relegada para a última carruagem.
Falta de dinheiro? Não, porque no ano de 2020 “sobraram” cerca de 4 milhões de euros.
Ou seja, a câmara da Sertã não teve sequer capacidade para gastar o dinheiro que tinha à sua disposição. E, no entanto, o dinheiro devia ser gasto em realizações e investimentos que melhorassem a vida dos munícipes, porque os munícipes não lucram nada com o dinheiro parado.
A Rua Cândido dos Reis, vulgo Rua do Vale, usada em 2009 como bandeira de campanha eleitoral. Dizia o Senhor Presidente: “vamos encontrar o caminho para a revitalização do comércio tradicional”. Onde encontramos hoje esse caminho? Depois da excelente requalificação efetuado pelo executivo socialista o que fez este executivo PSD em 12 anos para dinamizar aquele espaço? Nada!
A requalificação do Largo Dr. Guimarães que o PSD tanto condenou, constituiria uma das obras prioritárias naquela zona histórica da vila e, garantidamente contribuiria para a revitalização da Rua do Vale.
Hoje está totalmente abandonada e aguarda uma candidatura de segunda ou terceira linha.
Ainda recentemente sobre esta obra, podíamos ler no jornal “A Comarca da Sertã”: Empresário lamenta impasse da Câmara – Largo aguarda obras há mais de 10 anos”.
A falácia das zonas industriais do concelho: Sertã e Cernache do Bonjardim
O senhor presidente afirmava em janeiro de 2010 que: “a Câmara Municipal para 2011 tem como uma das prioridades a ampliação da Zona Industrial da Sertã. Com escritura pública a celebrar no primeiro semestre e com pagamento a efetuar ao longo dos anos, a aquisição de terrenos que permita instalar mais empresários na zona industrial é uma prioridade que considero estruturante para o Município”. (citei palavras do Sr. Presidente)
As zonas industriais da Sertã e Cernache do Bonjardim, foram na realidade bandeira eleitoral do Sr. Presidente na campanha eleitoral de 2009, fazendo acreditar os sertaginenses que o executivo socialista nada tinha feito para a captação de novas indústrias para o concelho, mas que, com o PSD no poder a revolução industrial consumar-se-ia magicamente.
Foi sempre alimentando na comunicação social a mistificação criada aos sertaginenses da prosperidade das zonas industriais, mas hoje a consumação desse progresso está ainda por concretizar.
Hoje, passados 12 anos, podemos concluir que este executivo PSD não teve capacidade para criar quaisquer incentivos à fixação de novas unidades industriais de relevância para o concelho, criadoras de emprego, de fixação de jovens, limitando-se a propagandear uma pseudorrealidade que ninguém vê.
A zona industrial da Sertã nestes últimos 12 anos, teve parcos progressos. A zona industrial de Cernache do Bonjardim, está exatamente como o Partido Socialista a deixou em 2009. As zonas industriais são assim mais um espelho da inércia e do imobilismo de quem tanto prometeu e tão pouco ou nada concretizou.
Esta Assembleia Municipal merecia dos deputados do PSD, uma intervenção mais racional, mais critica e construtiva, mais preocupada com o bem-estar da população e com o desenvolvimento do concelho por respeito a quem os elegeu, e não, ao longo destes 12 anos, terem figurado apenas, como uma caixa de ressonância da câmara municipal.
A bancada do PS procurou ser uma oposição forte e coesa, mostrando que a existência de ideias diferentes, não fará de nós inimigos e que a arrogância, o medo, a falta de liberdade, não podem integrar uma sociedade civilizada.
Tais formas de afirmação política, que rejeitamos em absoluto, podem ser combatidas com humildade e perseverança, com trabalho político consistente e continuado por respeito a quem nos elegeu.
Em democracia não pode haver lugar para o medo! A existência de alternativas, e o Partido Socialista é sempre uma alternativa, fortalece a democracia.
A bancada do PS preparou rigorosamente as intervenções que aqui fez. Nunca interveio levianamente ou por razões meramente pessoais, mas sempre em defesa dos interesses do concelho e das suas gentes.
Só assim se pode participar na vida democrática, alicerçando essa participação nas convicções, mas também na realidade e no conhecimento, com forte empenho procurando dar o nosso contributo para o engrandecimento do concelho da Sertã.
Não são sequer necessários, cinco dedos de uma mão para contar os momentos em que V. Exas, na Câmara e na Assembleia Municipal, foram sensíveis a uma qualquer opinião, proposta ou recomendação vindas do Partido Socialista, ainda que mais tarde viessem a ser obrigados a reconhecer o óbvio.
São vários os episódios em que os vereadores do PS foram ignorados. E porquê? Por apenas chamaram a atenção para os erros que estavam a ser cometidos, por proporem outras soluções, enfim, por terem ideias próprias, verticalidade e coluna vertebral.
Estas são atitudes bem reveladoras da forma como o executivo municipal do PSD encara as opiniões dos outros.
Continuadamente os vereadores e os deputados municipais eleitos pelo Partido Socialista, foram alertando para a ausência de estratégia de governação deste Executivo, a qual se circunscreveu a uma atuação casuística, caracterizada, por “pequenas grandes obras” e por “festas e festinhas”, tendo por único objetivo a captação de votos e a manutenção no poder, o que vieram a conseguir como referiu o Senhor Presidente no seu último discurso do feriado municipal.
Quero finalizar desejando a todos, sem exceção, as maiores felicidades pessoais, porque as políticas reservo-as para os futuros candidatos do Partido Socialista aos diversos órgãos autárquicos.
Termino, com a forte convicção de que a oposição construtiva e responsável que os vereadores e a Bancada do Partido Socialista prestaram ao longo destes doze anos, irá ter a sua recompensa no próximo ato eleitoral.